Empresários nacionais descontentes com “dupla” concorrência desleal
Existe a noção de que os empresarios estrangeiros
são os preferidos
1 . Avolumam-se entre empresários e negociantes angolanos que a si próprios se identificam como “independentes” sentimentos de descontentamento radicados numa alegada desigualdade de condições em que exercem a sua actividade face a dois grupos de concorrentes:
- Os empresários nacionais conotados com o regime e a elite com interesses nos negócios.
- Os estrangeiros, em especial pequenos investidores, portugueses e brasileiros.
Os “independentes” alegam que não lhes é dado o “tratamento especial”, que em termos de apoios e facilidades contempla os seus concorrentes “ligados aos regime”(AM 514); por acréscimo, consideram-se alvo de dificuldades impostas por organismos e agentes do Estado, que muitas vezes atribuem a aplicações arbitrárias da lei.
As condições de desigualdade em que julgam encontrar-se face aos estrangeiros são, na visão dos “independentes”, agravadas pela evidência das associações e parcerias dos mesmos com angolanos ligados ao regime. Ademais, obtêm nos seus países apoios ou financiamentos especiais, que não estão ao seu alcance em Angola.
2 . A inclinação que estrangeiros e figuras ligadas ao regime denotam para se associar tem vindo a declinar (AM 516), mas ainda é expressiva. Os investidores estrangeiros, vêm as parcerias com empresários e outros indivíduos ligados ao regime como fonte de influências indispensável para evitar obstáculos burocráticos e outros.
A preferência que os estrangeiros por norma dão a parceiros locais ligados ao regime, em detrimento dos chamados “independentes” , também é influenciada por atitudes “insinuantes” dos mesmos, apresentando os seus préstimos e influências como condição de bom andamento ou sucesso dos empreendimentos.
Os empresários estrangeiros cuja actividade em Angola está associada a angolanos, não tiveram, na sua maior parte, problemas com estes; mas o conhecimento preciso de que alguns tiveram problemas e a dedução de que a tendência está a aumentar, têm gerado insegurança – agravada pelo fraco conceito em que a justiça local é tida.
3 . A menor estima de que os estrangeiros gozam entre os empresários angolanos (vistos como intrusos que demandam Angola com o intuito de resolver ou minorar problemas nos seus países ou movidos por propósitos de retornos fáceis e rápidos), é compensada pela boa aceitação de que gozam entre a população.
A razão de ser do bom ambiente de que os estrangeiros gozam é especialmente devida à constatação geral de que os negócios que montam funcionam melhor. Os empresários angolanos do sector da restauração estão entre os que mais se insurgem contra a concorrência desleal dos estrangeiros – em especial portugueses e brasileiros. A sua atitude é acirrada pela noção que têm de que os estrangeiros são preferidos.
Fonte: AFrica Monitor
Comentario
Deslealdade
Saturado | 30-11-2010
A questão tambem é que o empresário estrangeiro oferece logo a partida uma viagem para o Brasil "no caso dos brasileiros" com tudo pago incluindo "Nguenda" que os angolanos não dispensão e umas compras a cara metade, ou em portugal uma ida ao Algarve e compras. O empresário angolano não tem esta capacidade e vê-se ultrapassado.