Gbagbo rejeita Odinga como mediador da União Africana

O governo da Costa do Marfim informou ter deixado de aceitar o mediador da União Africana para crise política no país, o primeiro-ministro do Quénia, Raila Odinga, porque entende estar alinhado com o internacionalmente reconhecido vencedor das eleições presidenciais de Novembro, Alassane Ouattara.
O primeiro-ministro queniano, Raila Odinga, deixou Abidjan depois de ter mantido encontros extensivos com o presidente Laurent Gbagbo e o antigo primeiro-ministro Alassane Ouattara. Odinga afirmou que não se chegou a um consenso para resolver a crise política porque Gbagbo recusou discutir a sua saída do poder e quebrou por duas vezes a promessa de levantar o bloqueio ao hotel onde se encontra Ouattara.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Gbagbo, Alcide Dedje, disse que Odinga mostrou que não e neutral na crise e que o governo deixou de aceitar a sua mediação.
Odinga deixou a Costa do Marfim para conversações com os chefes de estado do Gana, Angola e Burkina Faso.
Entretanto, todos os 15 membros do Conselho de Segurança aprovaram uma resolução autorizando o envio de mais 2000 soldados para a Costa do Marfim ate 30 de Junho.
A resolução expressa também profunda preocupação sobre a continua violência e violação de direitos humanos na Costa do Marfim, incluindo a violência contra militares e civis das Nações Unidas. O Conselho de Segurança realçou que os responsáveis pelos crimes contra o pessoal e civis das Nações Unidas devem ser responsabilizados.
Enquanto isso, dois especialistas em direitos humanos das Nações Unidas advertiram contra a possibilidade de genocídio na Costa do Marfim.
Edward Luck disse a jornalistas estar particularmente preocupado pelas alegações de que as forcas armadas e grupos de milícias que apoiam grupos opositores estão a recrutar e a armar grupos étnicos aliados a cada um dos campos e disse haver já confrontos étnicos em várias áreas da Costa do Marfim.
“Existe um risco real de que tais confrontos possam espalhar-se através do país. Se não forem contidos, podem culminar em atrocidades em massa. Pedimos a todas as partes na Costa do Marfim para refrearem discursos inflamatórios que incitem a ódio e violência.”
Luck acrescentou que o seu receio e de que se possa estar à beira de algo que pode ser muito feio e muito destrutivo.
Presidente angolano recebe mediador da UA
para crise na Côte d'Ivoire
“Defendemos uma solução negociada que satisfaça os anseios do povo da Côte d’Ivoire. Acreditamos que há possibilidades para o diálogo e busca de uma solução pacifica”, disse Raila Ondinga, à imprensa, após a audiência que lhe foi concedida pelo Chefe de Estado angolano.
Raila Ondinga confirmou que a União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) apoiam os esforços tendentes a uma solução pacífica para o problema naquele país africano, mas admitiu o recurso à força legítima como último recurso.
O também primeiro-ministro do Quénia concorda com a posição defendida por Angola no sentido de encorajar e apoiar o diálogo e a negociação, na medida em que uma intervenção militar teria um efeito perverso.
De acordo com Raila Ondinga, durante o encontro com José Eduardo dos Santos foram apontadas diferentes hipóteses para o problema, com excepção da repetição da segunda volta das eleições presidenciais.
“A solução encontrada para as crises verificadas no Zimbabwe e no Quénia não se enquadram no caso da Côte d’ Ivoire”, declarou, referindo-se à partilha de poder adoptada nos dois países.
Defende o início imediato das negociações entre as duas partes, visando a resolução da crise por meio de intervenientes africanos e sem interferência externa.
À semelhança de Angola, Raila Ondinga considera que os problemas da Côte d’ Ivoire devem ser resolvidos pelos ivorienses e pela União Africana. “Os seus problemas são africanos e devem ser resolvidos por africanos”.
No seu entender, a crise criada é um desafio para o processo de democratização de África, porque no próximo ano 17 países vão realizar eleições, por isso a sua resolução poderá servir de exemplo positivo.
Fonte: VOA/ANGOP
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